O Homem que
esmorecera no trabalho;
Deitando-se
no chão por rebeldia,
Ao sentir-se
infeliz e descontente,
De ouvido
rente ao solo,
Escutou, de
repente,
As palavras
que a Terra lhe dizia: -
- Sou tua
mãe, a Terra! ... Ergue-te e anda! ...
Não te
magoes, meu filho, contra a vida,
Tudo o que
Deus nos manda
É luz que
aperfeiçoa ...
A dor vem
dessa luz que nos convida
Ao trabalho
do bem que não se cansa
De criar a
alegria e gerar a esperança ...
Levanta-te,
caminha, ama, serve e perdoa! ...
Fita-me a
pele desolada,
Fiquei
ferida assim, ante os golpes da enxada,
Para que
tenhas pão à mesa! ...
Sofrer para
ajudar é lei da Natureza! ...
Deus pede
que eu responda à injúria dos tratores,
Mais frutos
produzindo, em braçadas de flores ...
A quem me
atire lama, lodo ou estrume
O Senhor
determina
Que eu
forneça mais verde e mais perfume,
Porque,
segundo as leis da Bondade Divina,
De tudo
quanto existe, o amor somente
É valor
permanente
Do verme que
se oculta em baixo nível,
A estrela
que parece inatingível! ...
Embora eu
tenha o Céu por segurança e escolta,
Tenho
milhões de filhos em revolta
E, às vezes,
eles mesmos se exterminam
Em conflitos
sangrentos,
Mas nunca
sabem de meus sofrimentos,
Porque, sou
mãe vivendo aos sóis no Espaço,
E a todos acalento
em meu regaço.
Deus é Pai
que jamais, amaldiçoa,
Por isso,
filho meu, ama, serve e perdoa! ...
Um dia, ao
ver o mal a envolver-me de todo,
Em torrentes
de ódio, sangue e lodo,
Supliquei ao
Criador nos mandasse mais luz
E o Céu nos
enviou o ensino de Jesus! ...
Jesus veio e
entreabriu-se nova aurora,
Amou e fez
de si divina doação,
E muito
embora
Muita gente
buscasse a redenção
É preciso
dizer que, até agora,
Quase que
ninguém quis
Receber de
Jesus o dom de ser feliz.
Notando o
orgulho a dominar o mundo,
Nas guerras
sem razão sob o ódio iracundo,
Pisando,
desprezando ou destruindo,
Tudo aquilo
que fiz de mais puro e mais lindo,
Derramo, às
vezes, lágrimas ardentes...
O vulcão é
meu choro em lavas comburentes! ...
Nunca
roguei, porém, compensações nem mimos.
Guarda a fé,
filho meu, contempla de altos cimos,
No
firmamento azul que nos recobre
A divina
grandeza do porvir,
Porque o
trabalho, em si, não é triste, nem pobre...
E todos
viveremos
Nos triunfos
supremos
Do
privilégio de servir! ...
Desperta,
filho meu, ergue-te e vem,
Trabalhemos
com Deus na Seara do Bem! ...
E o homem
deslumbrado,
Levantou-se
do chão que atravessara a esmo...
- “Servirei,
servirei! ...” – prometeu a si mesmo.
Ao
erguer-se, sentiu a vida em torno...
Não longe,
alguém guardava o pão no forno...
Enxergou
renovado,
Árvores,
animais, lavradores cantando,
As flores se
entreabrindo e as abelhas em bando...
Depois, em
oração que a fé viva descerra,
Gritou
alçando ao Alto os braços seus:
- “Louvado
seja Deus!
Ouvi a voz
da Terra,
Obrigado,
meu Deus! ...”
Autora:
Maria Dolores
Nenhum comentário:
Postar um comentário