Escuta, alma
querida,
Se a força
que orienta as construções da vida
Resolveu
entregar-te
A
comunicação do bem e da cultura
Pelos
caminhos da arte,
Por maior
seja a dor que te renova e apura,
Nunca te
desanimes
No alto
ministério em que te pões,
Sê fiel à
missão em que te exprimes,
Criando e
recriando gerações.
Mesmo de
coração amarfanhado,
Perante o
mundo desatento,
Não desistas
da luta que te alcança,
Em
amassando, a trigo de esperança,
O pão do
pensamento.
Entre a
imortalidade e as visões da beleza,
Contempla o
mundo à frente,
Pensa no
plano artístico esplendente
Em que se
fundamenta a Natureza.
Onde o verde
se alonga, anota nos caminhos
Aves
lembrando intérpretes de sonhos
E equipes
orquestrais nos troncos e nos ninhos.
Quando a tarde
aparece sobre os campos
E a sombra
se desata,
Fita a erva
a surgir sob adornos de prata
Feitos na
tênue luz dos pirilampos.
Vejamos nos
jardins:
Cravos
recordam belos arlequins
Dançando ao
sol e ao vento,
Enquanto sob
o azul do firmamento,
Quase concretizando
músicas divinas,
No tecido
aromal que os entretece,
Os lírios
são pierrôs filosofando em prece
E as rosas
são alegres colombinas.
Quando as
nuvens no Espaço
Lançam
granizos e clamores,
Em raios e
trovões ameaçadores
Nos golpes
da tormenta,
De estrondo
a estrondo e estilhaço a estilhaço,
É uma
tragédia que se representa.
Sem que as
distâncias possam esconde-las
Quando a
treva noturna tudo invade,
Olha o
bailado e as luzes das estrelas
Com notícias
dos Céus na Imensidade!...
Assim
também, alma querida,
Cumpre a
missão que te engrandece a vida,
Educa,
eleva, ampara, serve e ama...
Arte é
divina chama,
Realeza sem
plebeus,
E artistas
que se dão ao trabalho fecundo
De aliviar a
dor e melhorar o mundo
São obreiros
da paz com mensagens de Deus.
Autora:
Maria Dolores
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