Arar,
moldando a gleba empedrada e agressiva
Erguer-se,
sol a sol, na tarefa cativa,
Servindo por
amor, ignorando a quem...
Doar tempo,
esperança, força e vida,
Embora
suportando a alma ferida
Na lavoura
do bem.
Impedir que
o serviço retrograde
Ouvir de
longe o vento e a tempestade
De ciclones
irados a cair...
E proteger
as sementeiras novas
Contra o
furor de semelhantes provas
A fim de que
produzam no porvir...
Sofre
insônia e anseio, de alma em chaga,
Ante os
calhaus da senda em que a ideia se esmaga
Na defesa da
frágil plantação;
Ouvir e
desculpar, sofreando-se a custo,
O sarcasmo
cruel do menosprezo injusto
De quem não
crê na própria elevação...
No entanto,
semeador, prossegue enquanto é dia,
Entoa no
trabalho as canções da alegria
Ao ritmo da
fé que te apoia e conduz;
E, após o
anoitecer, nas orações que levas,
Contemplarás,
Além, abrindo-se nas trevas
O sereno
esplendor da Seara de Luz.
Autora:
Maria Dolores
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