Perdoa-me, Senhor, se estou cansada
De meus
sonhos falidos,
Longe de ti,
vagando, estrada a estrada,
Nas muitas
quedas de meus tempos idos.
Jesus, se
posso ainda despenhar-me
Na treva em
que o passado me envolvia,
Que a tua
previdência me desarme
Qualquer
inclinação à rebeldia.
Se ainda
posso afundar-me em desalinho,
Replantando
ilusões pra frutos amargos,
Não me
deixes a sós, nos passos do caminho,
Conserva-me
no chão de meus próprios encargos.
Se agindo ou
imaginando, estiver a ferir
Nos gestos
sem razão de que ainda me valho,
Guarda-me no
dever sem meios de fugir
À escravidão
bendita do trabalho
Nas
construções verbais a que me entrego
No anseio de
encontrar tarefas benfazejas,
Não
consintas que eu diga as sombras que carrego,
Induze-me a
falar, conforme o que desejas.
Quando
vacile ou tente desertar
Da luz
bendita com que me renovas
Não me
deixes sair de meu justo lugar,
Mesmo à
custa de crises e de provas.
Despoja-me,
Senhor, da sombra que me enlaça,
A minha
teimosia chega ao fim,
Consente-me
entender o que queres que eu faça,
Ajuda-me,
Senhor, a esquecer-me de mim!...
Autora: Maria Dolores
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