Alguém, um
dia,
Perguntou a
Michelangelo
Enquanto ele
esculpia:
- Senhor,
por que razão
Martelar,
martelar
Esta pedra
indefesa?
Não seria
mais justo
Deixa-la em
paz
No coração
da natureza?
O escultor,
entretanto,
Respondeu
simplesmente,
Sem alterar
a voz:
- Um anjo
mora preso
Neste bloco
maciço
E tenho o
compromisso
De traze-lo
até nós.
E batendo e
cortando,
Aresta sobre
aresta,
Aparando e
brunindo
O mármore
que entesta,
Vê, afinal,
o instante
Em que ele
próprio exulta...
A obra-prima
que jazia oculta
Aparece,
soberana:
É um anjo
que sorri quase que em filigrana,
Uma pedra,
por fim que se transforma
Com
prodígios de forma,
Em requintes
de luz e de beleza humana...
Assim
também, alma querida,
Quando a dor
te ameace ou te amarfanhe a vida,
Não grites
maldições,
Nem
fabriques labéus...
A prova é a
força que te aperfeiçoa,
A dor nasce
de Deus por dom profundo
Que te
arranca do mundo
Para brilhar
nos Céus.
Autora:
Maria Dolores
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