Alma
querida, escuta
Quando a
tribulação te agrave a luta,
Flagelando-te
o ser
Tanto quanto
desejas elevar-te,
Recorda a
Lei de Deus, em toda parte:
- Trabalhar
e esquecer.
Não te
agrilhoes a nuvens do passado,
Nem te
aflijas pensando no porvir,
De esperança
a bilhar no coração contente,
Renova-te e
confia alegremente
No
privilégio de servir.
Contempla,
dos caminhos em que pousas,
No amálgama
das vidas e das cousas:
Todos os
elementos que te apoiam,
Do Mundo
Conhecido ao Mais Além,
Guardam
consigo apenas,
A fim de que
o progresso sobrenade,
Aquilo que
lhes dê continuidade
No trabalho
do bem.
O astro do
dia, a refulgir no tempo,
Quanta vez
terá visto sobre a Terra,
Povos e
gerações, servos e reis,
Templos e
tribunais, ordens e leis,
Nas
florações da paz ou nas cinzas da guerra!
Observa,
porém, que o Sol não fala disso
E, ainda
hoje e sempre, a resguardar-nos,
Permanece em
serviço.
O chão
silencioso não confessa
Quanta vez
engoliu detritos agressores,
Sabemos
tão-somente que responde,
Onde o lixo,
às ocultas, se lhe esconde
Com braçadas
de flores.
Fertilizando
a vida,
A fonte
deixa o lodo e tudo olvida,
Para ser
água, enfim, clara e singela;
A argila
sofre o fogo que a transforma,
Tudo
esquece, ganhando nova forma,
Em porcelana
rendilhada e bela!
Assim
também, alma querida e boa,
Não
reclames, perdoa,
E nem
exijas, ama!
Se aspiras a
encontrar as Alturas do Bem,
No anseio
por mais luz que te mantém,
Auxilia e
constrói algo mais que o dever,
Porquanto, o
lema da felicidade,
Sem que a dor
nos deprima ou a queda nos degrade,
Será sempre
servir, trabalhar e esquecer.
Autora:
Maria Dolores
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