Bastas
vezes, perguntas, alma boa,
Qual a razão
do sofrimento...
Porque a
treva da angústia na pessoa...
E também
vezes muitas
A recear a
justa explicação,
Foges de
coração cansado e desatento...
Enquanto
podes fazer isso,
Satisfazendo
a impulso vão,
Ausentas-te
dos quadros de amargura,
Como quem
busca o reboliço
Para
esquecer o assombro e a inquietação
Que observas
nos outros
De alma
triste e insegura
Quando
colhidos pela provação...
Mas se um
dia chegar em que não possas
Distanciar-te
do recanto,
Em que a
tristeza se conhece
Por neblina
de pranto,
Por maiores
as dores e os problemas,
Acende a luz
da prece
E, esperando
por Deus,
Não te
aflijas, nem temas...
Ora,
detém-te, anota, pensa e escuta
Sob as
tribulações em que a sombra domina,
Quando
estamos a sós, dentro da própria luta,
Rodeados, ao
longe,
De
constrangidos cireneus
É que
achamos na vida
Os minutos
de Deus,
Nos quais se
pode registrar
A palavra
divina.
Nas estações
difíceis do caminho,
Que todos
conhecemos
Por solidão,
angústia, desengano,
À distância
de todo burburinho
Em que o
prazer humano
Lembra
incêndio de sons que explode e estala,
Nessas
pausas de dor do pensamento,
Em que o
tempo parece amargo e lento
É que o
verbo de Deus nos envolve e nos fala...
Mesmo sem
qualquer força a que te arrimes,
Presta a
própria atenção
À voz que te
procura o coração
Nessas horas
sublimes.
Entretanto,
não creias,
Perante a
aceitação a que te levas
Que Deus te
reterá na mágoa que te invade,
Nas teias
abismais da crueldade
Ou no bojo
das trevas...
Logo após o
celeste entendimento
Em que a
bênção do Céu se te anuncia,
Ressurgirás
em novo nascimento,
A dentro de
ti mesmo,
Como quem se
revê ao sol de novo dia...
Lembra o
próprio Jesus,
Se consegues
cismar, em torno disso;
Do berço em
louvações
A última
páscoa em festa, brilho e luz,
A vida do
Senhor
Foi um hino
de júbilo e de amor
Em música de
paz e de serviço...
Mas chegando
ao Jardim das Oliveiras,
Ei-la
escutando o Pai, horas inteiras...
E, através
do diálogo divino,
Colocado em
si mesmo, solitário,
Encontra o
sacrifício por destino,
Desde a
prisão injusta às pedras do Calvário...
Entretanto,
depois
Da renúncia
suprema,
Qual se
guardasse em si o fel da humana escória,
No suplício
final, perante a multidão,
Fez-se o
Cristo Imortal do Amor e da Vitória,
Na luz
divina da ressurreição.
Autora:
Maria Dolores
Nenhum comentário:
Postar um comentário