Senhor, eu
te agradeço.
Não somente
As horas
boas da felicidade,
Em que o meu
coração tranquilo e crente
Dá-se ao
louvor que te bendiz...
Agradeço
igualmente os dias longos,
Em que varo
o caminho, a pedra e vento,
Nos quais me
ensinas sem barulho, Através das lições do sofrimento,
Como ser
mais feliz.
Agradeço a
alegria
Que me
dispensas pelas afeições,
A bênção de
ternura,
Em cuja luz
balsâmica me põe
Sob chuvas
de flor;
E agradeço a
amargura
Que a
incompreensão me traga,
O estilete da
crítica ferina,
Que tanta
vez me opine o peito em chaga
Para que eu
saiba amar sem reclamar mais.
Agradeço o
sorriso da esperança
Com que me
fazes crer na verdade do sonho,
A segura
certeza com que aguardo
O futuro
risonho
Pela fé
natural;
E
agradeço-te a lágrima dorida,
Com que me
alimpas a visão,
A fim de que
eu prossiga, trilhe afora,
Sem
caminhar, em vão,
Sob a névoa,
do mel.
Agradeço por
tudo o que me deste,
A ventura, a
afeição, a dor, a prova,
O dom de
discernir e o dom de compreender,
O fel da humilhação
que me renova
Para que eu
permaneça em ti no meu próprio dever...
Mas rogo-te,
Senhor,
Quando me
veja
Sob a
perseguição e o sarcasmo das trevas,
No exercício
do bem,
Não me
deixes perder a paz a que me elevas,
Nem me
deixes ferir ou condenar ninguém.
Autora:
Maria Dolores
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