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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Ouve Coração

Perguntas, coração,

Como sanar as dores sem medida,

De que modo enxugar a lágrima incontida

Sob nuvens de fel e de pesar!...

Recordemos o chão...

Quando o lodo ameaça uma estrada indefesa,

Em cada canto roga a Natureza:

Trabalhar, trabalhar.

 

Fita o aguaceiro que se fez tormenta.

Ao granizo que estala, o vento insulta;

Seio de mágoas que se desoculta,

A terra, em torno, geme a desvairar...

Mas, finda a longa crise turbulenta,

Sobre teto quebrado, pedra e lama,

Renasce a paz do céu que vibra e chama:

Trabalhar, trabalhar.

 

Ressurge, inalterado, o sol risonho,

Não pergunta se o mal ganhou no mundo

A tudo abraça em seu amor profundo,

A criar e a brilhar!

Recebe cada flor um novo sonho,

Cada tronco uma bênção, cada ninho

Canta para quem passa no caminho:

Trabalhar, trabalhar.

 

Assim também, nas horas de amargura,

Enquanto a sombra ruge ou desgoverna,

Pensa na glória da Bondade Eterna,

Acende a luz da prece tutelar!

E vencerás tristeza e desventura,

Obedecendo à voz de Deus na vida

Que te pede em silêncio, à alma ferida:

Trabalhar, trabalhar.

 

Autora: Maria Dolores

 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Rendição

Perdoa-me, Senhor, se estou cansada

De meus sonhos falidos,

Longe de ti, vagando, estrada a estrada,

Nas muitas quedas de meus tempos idos.

 

Jesus, se posso ainda despenhar-me

Na treva em que o passado me envolvia,

Que a tua previdência me desarme

Qualquer inclinação à rebeldia.

 

Se ainda posso afundar-me em desalinho,

Replantando ilusões pra frutos amargos,

Não me deixes a sós, nos passos do caminho,

Conserva-me no chão de meus próprios encargos.

 

Se agindo ou imaginando, estiver a ferir

Nos gestos sem razão de que ainda me valho,

Guarda-me no dever sem meios de fugir

À escravidão bendita do trabalho

 

Nas construções verbais a que me entrego

No anseio de encontrar tarefas benfazejas,

Não consintas que eu diga as sombras que carrego,

Induze-me a falar, conforme o que desejas.

 

Quando vacile ou tente desertar

Da luz bendita com que me renovas

Não me deixes sair de meu justo lugar,

Mesmo à custa de crises e de provas.

 

Despoja-me, Senhor, da sombra que me enlaça,

A minha teimosia chega ao fim,

Consente-me entender o que queres que eu faça,

Ajuda-me, Senhor, a esquecer-me de mim!...

 

Autora: Maria Dolores