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quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Sempre Coração

Para exaltar a glória da bondade,
Não digas, alma irmã, que nada tens.
De gota a gota, o mar se consolida
E, migalha em migalha, a grandeza da vida
É um mar excelso de infinitos bens.

Caridade recordar a natureza
Que na bênção de Deus se concebe e aglutina,
Revelando no todo,
Da cúpula do Céu às entranhas do Lodo,
Que a presença do amor é sempre luz divina.

A bolsa generosa em socorro fraterno
Lembra o Sol a servir, tanto quanto fulgura,
Mas o vintém doado em auxílio a quem chora
É o copo de água pura à sede que devora,
A solidariedade em forma de ternura.

A fortuna em serviço é a usina poderosa
Da civilização na força que lhe empresta,
Garantindo o progresso, a cultura e a beleza,
Mas da espiga singela é que o pão vem à mesa
E da semente humilde é que nasce a floresta.

O prato, o cobertor, a roupa restaurada,
Um traço de carinho em amparo de alguém,
Pode ser, alma irmã, o complemento justo,
Para que se nos faça o regresso sem custo
Ao campo de trabalho e a integração no bem.

Nunca fales “não tenho” e nem digas “não posso”,
Traze louvor do bem o braço amigo e irmão,
Um sorriso e quem passa ao vento e ao desalinho,
Flor de esperança às pedras do caminho,
Que a caridade, em tudo, é sempre coração.

Autora: Maria Dolores
 

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Sai de Ti Mesmo

Se carregas contigo o tempo atormentado
Sob tristeza e desencanto,
É natural te aflijas, entretanto,
Não te entregues ao luxo de chorar.
Sai de ti mesmo e escuta, em derredor,
Aqueles que se vão sem rumo certo,
Suportando no peito o coração deserto
Na penúria que mora entre a noite e o pesar.

Não importa o que foste e o que sofreste
E nem a dor alheia, em mágoas mudas,
Procurará saber a crença em que te escudas,
Nem pergunta quem és...
Os que seguem no pó do sofrimento,
Vivendo de coragem, semi-morta,
Rogam-te auxílio à porta,
Rojando-se-te aos pés...

Desce da torre em que te vês somente
E escuta-lhes a história dolorida:
Esse chora sem lar, outro é quase suicida
Cansado de amargura e solidão;
Aquele envelheceu, sem alguém que o quisesse,
Outra é mãe desprezada, anêmica e sozinha,
Sombra que foi mulher, que respira e caminha,
Sabendo agradecer a fortuna de um pão.

Sai de ti mesmo e vem!... Esquece-te em serviço...
É Jesus que te chama ao bem que não se cansa,
Acharás, ao servir, renovada esperança,
Paz e fé, sob a luz de nobres cireneus!...
E sem horas a dar ao desalento e ao tédio,
Quando encontres a noite, cada dia,
Dirás ao Céu, em prece de alegria:
- Por tudo quanto tenho agradeço, meu Deus!...

Autora: Maria Dolores
 

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Sempre o Bem

Bendito sejas, coração amigo,
Buscando construir e elevar para o bem
Sem destacar a treva
Nem ferir a ninguém.

Deus te guarde na lei do auxílio que nos rege
Sempre que te dediques a expressar-te,
À Excelsa Providência determina
Que a bênção do socorro esteja em toda parte.

Quem de nós, aprendizes do progresso,
Estará esquecendo orgulho, possessão, vaidade, força bruta?
Sem o amparo de alguém que nos tolere
E nos minore a luta?

Não vale maldizer a sombra em torno,
Basta a fim de arredá-la humilde vela acesa,
Unir e melhorar, ajudar e servir
São determinações da natureza.

Um pântano qualquer pode fazer-se, um dia,
Campina surpreendente, em fruto e flor,
Mas não prescindirá de mãos amigas
Que lhe estendam recurso, auxílio e amor...

Fita a cachoeira em ápices de força...
Sem alguém que lhe oferte o controle da usina,
É grandeza de ação deficitária,
Alto poder entregue à indisciplina.

Certo bloco de mármore do monte
Rolou a flagelar canteiros de verdura,
Mas um artista a educá-lo, dia-a-dia,
Dele fez obra-prima de escultura.

Pensemos quanto a isso, alma querida,
Estendendo a esperança, ante a força do bem;
Quem procura no amor a elevação da vida,
Não se detém no mal, nem censura a ninguém.


Autora: Maria Dolores
 

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Riqueza Mais Alta

Dizes-te, às vezes, pobre e sem recursos,
Que ninguém te sorri...
Entretanto, não vês que trazes, ao dispor,
Um tesouro de vida superior,
Que podes espalhar, começando de ti.

Ergue-se de teu verbo o ensejo santo
De transmitir o bem a quem te escuta
Exterminando o mal... Guardas, portanto,
A magia do Céu e o doce encanto
Da voz que estende a paz e extingue a luta.
Tens nos olhos e ouvidos sentinelas,
De modo a ver em ti e, em derredor,
Os males a vencer, rixas e bagatelas,
Na construção do bem pela qual te desvelas,
Em louvor do melhor.

Tens nas mãos duas harpas prodigiosas
Capazes de entoar a melodia,
Da beleza, do amor e da alegria,
Criando arte e cultura, luz e rosas
Ao sol de cada dia.

Dizes-te, às vezes, pobre e sem recursos,
Que ninguém te sorri...
No entanto, tens contigo, seja em qualquer lugar,
A bênção de servir e trabalhar,
A riqueza mais alta que já vi.

Autora: Maria Dolores
 

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Progresso e Caridade

O Progresso expandiu-se, enaltecendo o mundo.
Com integral desembaraço,
Máquinas cortam vastidões do Espaço,
Vencendo imensidões, de segundo a segundo.

Não importa o engenho em que te escondas,
Para a realização de teus próprios misteres,
O radar marcará o sítio em que estiveres,
A palavra caminha sob as ondas.

Impulsos eletrônicos, motores
E usinas de energias nucleares,
Tudo facilidade onde te achares,
Conforto e evolução, por onde fores.

Por outro lado, em tudo se condensa,
O acesso à liberdade soberana,
Exalta-se o valor da inteligência humana,
Aclama-se o poder da grande imprensa.

Mas o clima ideal nascido de altos gênios,
Ocultam-se os tacões e as lâminas da guerra,
Tentando obstruir os avanços da Terra,
Usando a mesma fúria de há milênios...

Agitam-se no mundo os embates e as crises
De ódio, rebeldia, angústia e solidão...
Raciocínio se estranho ao coração
Não reconhece a dor dos infelizes

Há crianças vivendo nas calçadas,
Enfermos sem apoio, entre mães esquecidas,
A máquina, porém, não vê milhões de vidas,
Aguardando socorro em todas as estradas.

Eis porque na ascensão da Humanidade inteira,
Ao passo do Progresso em jornadas de luz,
A Caridade à frente é sempre fúlgida bandeira,
Por presença do amor e amparo de Jesus.

Autora: Maria Dolores
 

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Refúgio

Às vezes, dizes, coração amigo:
- “Como guardar-me em paz, na agitação do mundo?
Tanto fel ao redor!... Tanta gente em perigo!...
Tantas tribulações sem que se saiba, a fundo,
De que modo evitar a invasão desmedida
Das nuvens de aflição que atormentam a vida!...”

E contigo outras almas no caminho
Padecem sob o impacto violento
Das lâminas brutais do sofrimento
Que lhes ferem o ser, desolado e sozinho...

Aqui, alguém lastima um coração querido
Que ficou para trás, exânime e caído
Em trágicos enganos;
Ali tombam, a golpes desumanos
Dos chamados engenhos do progresso,
Existências repletas de esperança,
Ante as brechas de sombra em que a morte se lança
Entre o ouro e o sucesso...

Dos recursos plebeus aos valores mais altos,
sobram as provações que chegam, de imprevisto,
No clamoroso misto
De sequestros e assaltos.

Nos lares em geral, sob múltiplos níveis,
As desvinculações de pessoas amadas
São lesões e feridas desatadas
Para as almas sensíveis.

Assemelha-se a Terra à nave firme e atenta,
Sob rude tormenta.

Entretanto, alma boa,
Em plena luta que te aperfeiçoa,
Podes deter a paz contigo, estrada afora,
Prendendo-te ao dever que em tudo nos melhora.

Todo trabalho são é lúcido recanto
Que se nos faz refúgio aprazível e santo.

Um lar para servir,
Um filho a proteger,
A nobre preleção enviada ao porvir,
A página a escrever,
Um doente a zelar,
O trecho musical que se tem a compor,
O campo a cultivar
E o serviço do bem que é mensagem de amor...
Tudo isso, na terra, é cobertura,
Sustentando o equilíbrio da criatura.

Se buscas, em verdade, a paz, no dia-a-dia,
Coloca a tua fonte de alegria
E todos os impulsos que são teus
No trabalho que o mundo te confia
Porque o trabalho é sempre uma Bênção de Deus.

Autora: Maria Dolores
 

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Resposta de Irmã

“Que fazer para entrar em serviço do Mestre?”
Eis a tua pergunta, irmã querida,
“Peço orientação, preciso renovar-me
Buscando nova vida ““.

E acrescentas: “De tudo na existência
Que já tenho notado, ouvido e visto,
Não encontrei ensino que supere
A grandeza do Cristo ““.

Irmã, nada me cabe responder-te.
O esplendor de Jesus fala por si,
E depois de aceita-Lo interiormente,
Tudo, no mundo, nos sorri.

Isso, porém, exige que O sigamos,
Das veredas da Terra aos fulgores do Além,
Consagrando-lhes o sonho, o amor e a vida
Na exaltação do Bem.

Sai de ti mesma, irmã, e estende algum amparo
Aos que gemem, ao léu, na noite fria,
Ouve a dor no lugar que apelidamos:
Periferia da periferia.

Em casebres de lata, enfermos vários
Rogam um caldo quente que os conforte
Ou um cobertor que lhes resguarde o corpo
E lhes evite a morte.

Vem até nós, pelas asas da prece.
Ninguém te pedirá prodígios em ação...
Aguardamos a ti paz e esperança
E um pedacinho de cooperação.

Vem até nós, buscando o Cristo Amado.
Em nossa legião há constante lugar...
Com Ele aprenderemos, cada dia,
A amar e compreender, servir e trabalhar.

Autora: Maria Dolores
 

domingo, 15 de agosto de 2021

Recado de Amor

Chama-se Aurora a nobre companheira,
Uma das que encontrei na hora derradeira
Do corpo cujo laço me prendia;
Mensageira da paz e da alegria,
É um misto de menina, flor e estrela...
Depois de longa convivência,
Em meu novo processo de existência,
Pude efetivamente conhecê-la.

Para logo notei que Aurora onde estivesse,
Ante os amigos de qualquer idade,
Lembrava um coração que, de todo, se desse
A tecer fios de felicidade
Para quem lhe escutasse as palavras de luz;
No entanto, aos poucos, vi que ela trazia
Extenso traço de melancolia,
Obscuro pesar, escondido e profundo.

Sem que eu nada indagasse, certa feita,
Ela me disse: - "Irmã Dolores,
Devo tornar ao mundo
Numa jornada estreita.
Irmã, onde estiveres, onde fores,
Roga ao Céu abençoe a luta que me leva
A socorrer um ente amado,
Para mim, tal qual filho desgarrado,
Nas veredas da treva..."

"Mas não podes, irmã, - perguntei, com cuidado, -
Ampará-lo daqui, sem renascer na Terra?"
- "Não, não posso, - ela disse, é na volta que insisto,
Já que em cinco existências, lado a lado,
Esse filho que eu amo é um homem transtornado
Que fugiu por orgulho à presença do Cristo."

Depois de semelhante entendimento,
Acompanhei-a, certa vez,
A fim de conhecer-lhe o ente amado
A quem se afeiçoara noutras eras...
Nele encontrei um cidadão prendado,
Esbanjando poder, nome e talento.

Conquanto homem de bem, de maneiras sinceras,
Casado, pai de um filho
Que ainda não chegara a contar quatro anos,
Professor e eminente cientista,
Emitia conceitos desumanos,
Se alguém falava em fé, expondo-se-lhe à vista.

Logo após, muitas vezes,
Ateu maior, entre os grandes ateus,
Dele escutei opiniões como estas:
- "Santos e religiões nessa história de Deus
São lendas de pessoas desonestas,
O espírito é ilusão da mente alucinada,
Quando a morte aparece, a vida é cinza e nada."

Mas Aurora voltou, - afeição renascida, -
Tomando dele próprio a sua nova vida.
A mãezinha querida, excelente senhora,
Por sugestão do Plano Superior,
Deu-lhe o nome de Aurora...

Tenra criança ainda, ela exprimia amor,
Impressionando ao pai com o luminoso olhar...
No regaço materno, era uma flor no lar.
Crescendo um tanto mais, era-lhe a companhia,
O pai achara nela a fonte da alegria...
Cinco anos apenas e a criança
Endereçava a ele assuntos tais,
Que o genitor se via em profunda mudança,
Nos seus próprios anelos paternais.

Assim que os dois se punham mais sozinhos,
Fosse em casa, nas praias, nos caminhos,
A pequena fazia indagações:
- "Papai, quem fez o mar assim tão grande?
Quem cultiva estas plantas que nós vemos?
Quem criou nossos pés para que a gente ande?
Quem segura no chão a casa em que vivemos?
Papai, quem dá comida aos pássaros na serra?
Quem fez o Sol? Será que o Sol assim, tão brilhante e tão quente,
É uma vela de Deus, iluminando a Terra?"

O pai ouvia a filha, enternecidamente,
E respondia, admirado:
- "Filhinha, vais crescer ao nosso lado,
Tudo compreenderás no momento preciso..."
E parava a pensar, sob longo sorriso.
Após algum silêncio, a expressar alegria,
Vendo as aves saltando, ramo em ramo,
Sempre agarrada ao pai, a pequena dizia:
- "Papai, de tudo o que já sei,
Sabe o que já falei?
Já falei à Mãezinha que eu te amo...
Mas, um dia surgiu... Há sempre um "mas"
Quando a vida feliz perde o gosto da paz.

A menina adoeceu, inesperadamente
E, após longa pesquisa, o médico anuncia
A presença de estranha leucemia...
Os pais lutaram quais leões, à frente
De um perigo mortal, no entanto, hora por hora,
Notam a pequenina e terna Aurora
A definhar e a definhar...

Até que, em certa noite, unidos a chorar,
Sem qualquer esperança que os conforte,
Viram-na repousar no silêncio da morte.
Lembrando um anjo lindo estruturado em cera,
A filhinha querida adormecera.
Dois meses sobre os traços da ocorrência,
A pedido de Aurora,
Fui visitar-lhe a residência.
Não mais achei ali a beleza de outrora...

Tentei buscar-lhe o pai que soube ausente
E encontrei-o num quadro comovente;
Estava triste e só num campo santo,
Tateando na lousa o nome da filhinha
E, demonstrando a mágoa que o retinha,
Falava em alta voz, encharcada de pranto:

- "Filha do coração, embora eu viva triste,
A verdade me diz que a morte não existe.
Anjo de paz e amor, é impossível morrer,
Vives hoje no Além, tanto quanto em meu ser...
Perder-te a companhia é toda a minha dor,
Não olvides teu pai, cansado e sofredor!...
Nunca te esquecerei, filha dos sonhos meus,
A saudade de ti trouxe-me a luz de Deus..."

Então, pude anotar
Naquela inteligência em supremo pesar,
Mostrando o coração sem disfarce e sem véus,
Que toda vida curta, ao brilhar e morrer,
Para quem ama e fica, ante o mundo a sofrer,
É um recado de amor no correio dos Céus!...

Autora: Maria Dolores
 

domingo, 1 de agosto de 2021

Sinal de Deus

Ouvi dizer que um Sábio
Procurando caminho,
A fim de sobrepor-se aos outros seres,
Após vencer hesitações em bando,
De alma firme e disposta
Para entender a realidade,
Interpelou a vida perguntando
Se o Tempo era o maior de todos os poderes;
Mas foi o próprio Tempo
Quem lhe trouxe a resposta:

- “Ouve, amigo,
Na marcha em que prossigo,
Não marco a senda em vão...
Sou mudança de tudo em derredor,
Firo e restauro, exalto e obscureço,
Para que o mundo pague o preço
Da corrida ao melhor...

Impérios vi nascer nos milênios sem data,
Raças, povos, nações, conquistadores, reis...
Mas a vida exigiu estradas novas,
Novas realizações e novas leis
E tudo transformei com força intimorata.

Vi milhões de pessoas sob algemas,
Vinculadas a lutas de outras eras,
Mas apaguei as aflições extremas,
Que as faziam sofrer
Sob longas esperas...

Ódio, ambição, loucura, em tremendos conflitos,
Sombras assinalando embates infinitos
Em convulsões de guerra
Cederam-me à pressão de gradativo corte,
Porquanto o meu domínio abrange a vida e a morte
Nos caminhos da Terra.

Tudo segue comigo em todos os instantes
Nos meus braços gigantes,
Homens, legislações, conceitos, normas,
Renovo sem cessar no cadinho das formas...

Embora isso, devo confessar-te
Que algo existe mais forte, em toda parte,
Muito mais forte do que os meus impulsos;
Esse algo que fica
E que ninguém relega para trás,
Revelando beleza, luz e paz
É o bem que se pratica.

Tudo o que vês no mundo em ascensão,
É o bem que nasce, cresce e se alteia de nível,
Quase que atravessando as raias do impossível
Para manter a evolução...

Ama, serve e constrói nos encargos que levas
E serás novo sol a dissipar as trevas;
Não te prendas a mim,
De idade para idade,
Vive na caridade...
O bem é o talismã da vitória sem fim.”

Somente aí o Sábio compreendeu
Que o Tempo por mais forte sofre a amarra
Da energia que esbarra
Entre limitações de ciclos e museus,
E que apenas o amor sobrevive no mundo,
Por dom inalterável e profundo,
- Permanente sinal da presença de Deus.

Autora: Maria Dolores
 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Presença de Deus


Afirmas, muita vez, alma querida,
Em fervorosa prece: “Quero, Jesus, servir e cooperar contigo!...
Ah! Senhor, se eu pudesse!...”

Depois, declaras-te sem forças;
Pensa, entretanto, nisto:
Podes ser hoje mesmo, onde estiveres,
A sublime extensão da bondade de Cristo!...

Fita a sobra da mesa que te ampara;
Utilizando um pão, simples embora,
Consegues replantar as flores da alegria
Na penúria de quem chora.

Considera o montão de bens que atiras longe
Sem sentir, sem pensar, inconsequentemente:
Descobrirás nas mãos o privilégio
De estender reconforto a muita gente.

Lembra a moeda, tida por singela;
Escorada na fé que te bendiz,
Transforma-se na xícara de leite
Que socorre e refaz a criança infeliz.

Detém-te nos minutos disponíveis;
Ao teu devotamento se farão
A visita, a bondade, o carinho e consolo
Para o enfermo largado à solidão.

Trazes contigo os dotes da brandura:
Ante os golpes do ódio explosivo e violento,
Guardas a faculdade de extinguir
O fogo da revolta e o fel do sofrimento

Observa o tesouro da palavra:
Se envolvida de paz a tua frase alcança
Todo aquele que cai na sombra da tristeza
Para erguer-se de novo ao toque da esperança.

Não te digas inútil, nem te omitas...
A trabalhar, servir, amparar, recompor
Serás, alma querida, em qualquer parte,
A presença de Cristo em teu gesto de amor.

Autora: Maria Dolores

 

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Todos Ricos

Não digas, alma irmã, que nada tens
Ante a dificuldade em que te recriminas,
Na grandeza do mundo em que Deus nos resguarda,
Olha o valor das coisas pequeninas.

Reflete na semente diminuta
Na terra áspera e seca que se enfresta,
Apesar do deserto que a rodeia
Pode ser o princípio da floresta.

Pensa na gota medicamentosa
Na convulsiva dor de impacto violento,
Simples gota, lembrando pétala de orvalho,
Suprimindo o poder do sofrimento.

Fita a mansão moderna alçada ao brilho
Da Terra enobrecida e renovada,
Quanto é pobre de força e segurança
Sem a presença humilde da tomada.

Se, um dia, atravessaste a noite espessa,
Tateando sem rumo dentro dela,
Conheces quanto aflige a escuridão
E quanto vale a chama de uma vela.

Não digas, alma irmã, que te sentes inútil,
Não existem no amor donativos plebeus,
Tens contigo a riqueza da esperança,
O sorriso da paz e a proteção de Deus.

Autora: Maria Dolores
 

terça-feira, 15 de junho de 2021

Presença de Jesus

Afirmas, muita vez, alma querida,
Em fervorosa prece:
- “Quero, Jesus, servir e cooperar contigo!...
Ah! Senhor, se eu pudesse!...”

Depois, declaras-te sem forças.
Pensa, entretanto, nisto:
Podes ser hoje mesmo, onde estiveres,
A sublime extensão da bondade do Cristo!...

Fita a sobra da mesa que te ampara:
Utilizando um pão, simples embora,
Consegues replantar as flores da alegria
Na penúria que chora.

Considero o montão de bens que atiras longe
Sem sentir, sem pensar, inconsequentemente:
Descobrirás nas mãos o privilégio
De estender reconforto a muita gente.

Lembra a moeda, tida por singela:
Escorada na fé que te bendiz,
Transforma-se na xícara de leite
Que socorre e refaz a criança infeliz.

Detém-te nos minutos disponíveis:
Ao teu devotamento se farão
A visita, a bondade, o carinho e o consolo
Para o enfermo largado à solidão.

Trazes contigo os dotes da brandura:
Ante os golpes do ódio explosivo e violento,
Guardas a faculdade de extinguir
O fogo da revolta e o fel do sofrimento.

Observa o tesouro da palavra:
Se envolvida de paz, a tua frase alcança
Todo aquele que cai na sombra da tristeza
Para erguer-se de novo ao toque da esperança.

Não te digas inútil, nem te omitas...
A trabalhar, servir, amparar, recompor,
Serás, alma querida, em qualquer parte,
A presença do Cristo em teu gesto de amor.

Autora: Maria Dolores
 

terça-feira, 1 de junho de 2021

Minha Mãe

Lembro-te mãe, revendo a nossa casa... 
O pequeno jardim, o poço a horta... 
O vento brando que transpunha a porta, 
Afagando o fogão de lenha em brasa... 

Esfregavas a roupa na bacia... 
Eu ficava na rede, aos teus desvelos... 
Depois, vinhas beijando-me os cabelos, 
A embalar-me, cantando de alegria. 

Dorme, dorme, prenda minha, 
Dorme agora, meu amor, 
És a joia que eu não tinha, 
Prenda minha, minha flor!... 

Lá no céu tem três estrelas, prenda minha, 
Todas são de prata e luz, 
Lá do céu você me veio, prenda minha, 
Por presente de Jesus!... 

E lá se foi o tempo ante as mudanças... 
Cresci, fiquei rebelde... estradas novas... 
Entrei no mundo grande, em grandes provas, 
Carregando saudades e esperanças... 

Hoje, volto a rever-te, mãe querida!... 
Quero dizer-te, em minha gratidão, 
Que és o amor sempre amor, em minha vida, 
É a própria vida de meu coração.

Autora: Maria Dolores
 

sábado, 15 de maio de 2021

Tempo e Vida

Depois da morte é que vemos,
Quando a luz se nos revela,
Quanta sombra e bagatela
Guardamos no coração.
Quantos lamentos inúteis
Complicavam-nos a vida,
Quanta palavra perdida,
Quanto tempo gasto em vão!...

Quantas horas desprezadas,
De espírito desatento
Nos enganos de um momento
Que o próprio tempo desfaz!
Quanta contenda improfícua,
Quanto disfarce no rosto
Que se transforma em desgosto
Furtando a esperança e a paz.

Alma querida, não creias
Seja a morte o fim de tudo,
O tempo – esse sábio mudo,
Concede-nos voz e vez,
Acompanha-nos o passo,
Age, segundo a segundo,
E nos conhece o mundo
Tudo aquilo que se fez.

Ama, esclarece, abençoa,
Sofre e luta, mas não temas,
Ninguém vive sem problemas,
Onde estiver e onde for;
Vida é lavoura perfeita,
Morte é o braço que a preserva,
Que só replanta ou conserva
O que se faz por amor.

Autora: Maria Dolores
 

sábado, 1 de maio de 2021

Sonho e Trabalho

Alcei ao Alto o olhar, um dia,
Como quem desejasse adivinhar
Que prodígio de sóis encontraria
No celeste esplendor do Eterno Lar...

Vendo constelações e nebulosas
Lançando irradiações maravilhosas,
Indaguei do mentor que seguia a meu lado:
- "Na faixa de trabalho a que me abrigo,
Quereria saber, prezado amigo,
Se todo este Universo que entrevemos,
Astros e luzes pelos Céus supremos,
Vem a ser limitado ou iluminado...

Onde se ocultaria a rútila nascente,
A luz primeira da primeira fonte
Do Universo esplendente,
A vibrar e a fulgir, acima do horizonte?"

Na bondade que marca os grandes instrutores,
Ele apenas me disse: "Irmã Dolores,
Conhecimento exige gradação,
Não faças do porvir um ponto de aflição...

Sigamos, passo a passo,
Sem antecipações do Tempo, ante as forças do Espaço.
Aprimora-te, estuda, informa e ensina,
Mas fitando as Alturas,
Não tentes alcançar em visões prematuras,
Todo o excelso fulgor da Grandeza Divina..."

Interrompeu-se um tanto, ao pisarmos na Terra,
E prosseguiu depois, em tom profundo:
- "Nota, irmã, este nosso antigo mundo...
Quantas lições encerra!
Quem nos explicará, conscientemente,
O segredo interior de uma simples semente?

Que força existirá na flor que desabrocha,
Como entender a formação do mar
E a gênese da rocha?
É preciso, porém, caminhar, caminhar,
E servir por dever...

Outros pesquisarão na luz da inteligência
Os princípios celestes da existência...
Quanto a nós, entretanto,
Vendo tantos irmãos em dura prova,
Sem mágoa e sem espanto,
Cabe-se acender a luz da vida nova
E construir o bem ao suprimir a dor.

Busquemos o trabalho que nos chama,
Não há tempo a perder...
Vemos, por toda parte, o mundo que reclama:
- Quanta coisa a fazer! ...

Por agora, é impossível
Definimos, por nós, os mundos de alto nível;
Mas podemos ouvir, do palácio à choupana,
Toda a tribulação que atinge a vida humana...
Quantas mães, temos hoje a confortar,
Marcadas pela dor que lhes aflige o lar?

Quantos homens leais aguardam fortaleza,
A fim de prosseguir na luta que os retém
Sustentando no mundo a batalha do bem?
Quantos irmãos doentes sem defesa?
Quantos pedintes amargando crises?
Quantas crianças tristes e infelizes?
Quantos amigos jazem mutilados,
Quantos deles se arrastam desprezados?
Quantos barracos tombam sob o vento?
Quantas mansões guardando o sofrimento?
Quantos homens, tentando a deserção da vida?
Como paralisar tanto impulso suicida?

Na pausa do instrutor que silencia, atento,
Fitei de novo, a luz do firmamento
E de olhar retornando à vastidão do mundo,
Eis que em meditação e em prece me aprofundo...
E concluí, de mim para comigo:
- Deus de Infinito Amor, por tudo te agradeço,
Não me deixes, porém, pensar em céus que ainda não mereço! ...
Dá-me forças na estrada em que prossigo,
A Terra que nos deste é o nosso imenso lar...
Faze-me trabalhar! ...

Ajuda-me, Senhor,
A espalhar a esperança, a cultivar amor
E deixa-me aceitar e compreender
Tanta gente a lutar, tanta coisa a fazer!...

Autora: Maria Dolores
 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Retrato da Amizade

Agradeço, alma fraterna e boa,
O amor que no teu gesto se condensa,
Deixando ao longe a festa, o ruído e o repouso
Para dar-me a presença...

Sofres sem reclamar enquanto exponho
Minhas ideias diminutas
E anoto quanto é grande o teu carinho
No sereno sorriso em que me escutas.

Não sei dizer-te a gratidão que guardo
Pelas doces palavras que me dizes,
Amenizando as lutas que carrego
Em meus impulsos infelizes.

Auxilia-me a ver sem barulho ou reproche,
Dos trilhos para o bem o mais certo e o mais curto,
Sem cobrar pagamentos ou louvores
Pelo valor do tempo que te furto.

Aceitas-me como um todo como sou,
Nunca me perguntaste de onde vim
Nem me solicitaste qualquer conta
Da enorme imperfeição que trago em mim!...

Agradeço-te ainda o socorro espontâneo
Que me estendes à vida estrada afora,
Para que as minhas mãos se façam mensageiras
De consolo a quem chora!...

Louvado seja Deus, alma querida e bela
Pelo conforto de teu braço irmão
Por tudo que tem sido em meu caminho,
Por tudo me dás ao coração!...

Autora: Maria Dolores
 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Razões da Vida

Indagas, muita vez, alma querida e boa:
– “Meu Deus, por que essa dor que me atormentar o ser?”
E segues, trilha afora, em pranto oculto,
De sonho encarcerado, a lutar e a sofrer.

Anelas outro clima, outro lar e outros rumos,
Entretanto, o dever te algema o coração dorido
Ao campo de trabalho que abraçaste,
Atendendo, na Terra, a divino sentido.

Antes de renascer, os seres responsáveis
Notam as próprias dívidas quais são
E suplicam a Deus lhes conceda no mundo
O caminho que os leve à redenção.

Não recalcitres, pois, contra os próprios encargos
Que te pareceu fardos de problemas,
Encontras-te no encalço da conquista
De bênçãos imortais e alegrias supremas.

A lágrima que vertes padecendo
Longas tribulações, entre lutas e crises,
É um remédio da vida, em nossos olhos,
Que nos faculte ver os irmãos infelizes.

O abandono dos seres que mais amas,
Criando-te a aflição em que choras e anseias,
É um curso de lições em que aprendemos
Quanto custam na estrada as angústias alheias.

Familiares que te contrariam
Trazem-nos à lembrança os gestos rudes
Com que outrora ferimos entes caros
No fel de nossas próprias atitudes.

Afeição de outras eras que descubras,
Querendo-lhe debalde a presença e a união,
É instrumento de amor que te inspira a renúncia
Para o trabalho da sublimação.

A experiência humana é breve aprendizado
E essa tribulação que te fere e domina
É recurso dos Céus, em nosso amparo,
Zelo, defesa e luz da Bondade Divina.

Sofre sem reclamar a prova que te coube,
Mesmo que a dor te espanque, atingindo apogeus...
E, um dia, exclamarás, ante os sóis de outra vida:
– “Bendita seja a Terra!... Obrigado, meu Deus!"

Autora: Maria Dolores
 

segunda-feira, 15 de março de 2021

Trabalha Espera e Confia

Ah! coração fatigado,
Na aflição que te vigia,
Nunca te percas da fé;
Trabalha, espera, confia.

Por mais lutes, mais avanças
Em triste, espinhosa via...
Não esmoreças, contudo;
Trabalha, espera, confia.

Cada hora te parece
Nova dor que se anuncia...
Não te afundes em revolta;
Trabalha, espera, confia.

Já não sabes o tamanho
Da prova que te assedia;
Mesmo assim, prossegue à frente;
Trabalha, espera, confia.

Encontras, a cada passo,
Desprezo, descortesia...
Desculpa, servindo mais;
Trabalha, espera, confia.

Entre os seres mais amados,
Padeces desarmonia;
Não faltes à paciência;
Trabalha, espera, confia.

Sonhaste calma ventura
E sofres em demasia...
No entanto, aguarda o futuro;
Trabalha, espera, confia.

Não temas, nem desesperes,
Toda sombra é fugidia.
O sol brilha, a nuvem passa...
Trabalha, espera, confia.

Para a cura de ansiedade,
Angústia, melancolia,
Usa a receita de sempre:
Trabalha, espera, confia.

Cada manhã, Deus te fala,
Na bênção de novo dia:
- Se queres felicidade,
Trabalha, espera, confia.

Autora: Maria Dolores