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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Natal e Jesus

Maldade, escravidão, guerra, ódio, vingança:
Eis o mundo anterior ao Século Primeiro !...
Nasce Jesus nos panos de um celeiro
E alastra-se na Terra um clarão de esperança.

Jesus cresce tranquilo e se faz mensageiro
De consolo e de Paz, de Amor e Segurança,
Tudo é Luz e Bondade, Reconforto e Mudança,
Começa, enfim, a abolição do cativeiro...

Mais tarde, ei-LO maior, o Homem Justo e Perfeito,
Ensina o Rumo Certo, o Perdão e o Direito,
Sofre perseguições, vence a cruz desolada...

E o Sol que O viu nascer, brilhando em ondas de ouro,
Contemplará Jesus, no milênio vindouro,
Abençoando a Terra, em nova madrugada.


Autora: Maria Dolores

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A Enfermeira do Além

Ela, a querida irmã desencarnada,
Fizera-se enfermeira,
Aliviava a dor, de estrada à estrada,
Era uma espécie de bondade inteira,
Socorrendo aos irmãos que a morte
Espalhava nas trevas...

Há trinta anos servia,
Sem escolher lugar, trabalho ou dias.
Naquele imenso mar de sombra, o tempo parecia,
Uma chaga mental sem esperança
De melhorar ou desaparecer...

Certa feita, contudo, a grande obreira alcança,
Uma estranha mulher, deitada numa furna;
Embora não tivesse a morada carnal,
Estava cega e só, deformada e ferida,
Patenteando a dor que lhe marcara a vida.

Ao ouvi-la gemer,
A irmã dos infelizes,
Pões-se, em campo, a cumprir,
O que considerava por dever.

Impressionada, ao vê-la de mais perto,
A missionária, indaga, a peito aberto:
- irmã, ouço-te o choro, há muitas horas,
Por que tens tanto fel nas lágrimas que choras?

A pobre murmurou, pausadamente:
- Ai de mim! O que sou e de onde venho?
A memória não dá para lembrar...
Sei mostrar simplesmente as misérias que eu tenho...

Há muitos anos, quantos já nem sei,
Fui menina feliz num grande lar...
Recordo muito mais as dores que causei...
Minha mãe me queria
Para exaltar a natureza,
Num misto de elegância e de beleza,
E falava que eu era uma rosa entre as rosas,
Fosse para enfeitar as festas deleitosas
Ou estender no mundo o aroma da alegria...

Minhas aspirações caíram, uma a uma,
Minha mãe não me quis em profissão alguma,
Vestia-me, orgulhosa, o corpo esbelto e fino,
Dizia que brilhar traçava-me o destino...

Casei-me, tive um filho e, depois de dez anos,
Troquei meu lar feliz por prazeres mundanos,
Meu esposo rogava o meu regresso em vão.
Meu filho fez-se logo um belo rapagão,
Vendo-me as aventuras, certo dia,
Ele, menino e moço, veio visitar-me,
Condenou-me os costumes sem alarme,
Falou e lamentou-se em voz severa,
De conhecer por mãe a mulher má que eu era...

De cabeça alterada em cocaína,
Revoltei-me, ataquei-o... Atrás de uma cortina
Apanhei um revolver no meu quarto,
Voltei à sala e apertei o gatilho,
Num tiro certo, assassinei meu filho!...
Depois de vê-lo morto, junto a mim,
Voltei a arma contra o próprio peito
E matei-me por fim!...

Em seguida, a pausa demorada,
Contou a própria vida e deu o próprio nome...
Na pavorosa mágoa que a consome
A mulher prosseguia, consternada:
- Nunca mais vi ninguém das pessoas que amei
Para mim, tudo é noite e a noite me carrega
Porque vivo sozinha, triste e cega
Decerto obedecendo alguma lei
Que não sei compreender nem explicar...

A enfermeira caiu em pranto ardente
E indagou da mulher, amargamente:
- E se encontrasses neste mar de trevas
Nos furacões de dor a que te levas
A mãe que te entregou à rebeldia,
Teu coração que chora a perdoaria?

- Nada tenho a perdoar –
Disse a pobre atada ao sofrimento –
Minha mãe era um anjo em forma de mulher,
Jamais a esquecerei, um momento sequer,
Ela vivia, em tudo, a trabalhar por mim
Não teve qualquer culpa de meu fim...

Se só me fez o bem, fui eu quem fiz o mal...
Do amor que ela me deu
Fiz todo um lamaçal...
Ninguém pode encontrar motivos de censura
No carinho de alguma criatura
Que nos dê uma lâmpada sublime,
Se lhe usarmos a luz para fazer um crime...

A enfermeira abraçou-a a encharcar-se de pranto
E quando a jovem triste e atormentada
Perguntou-lhe entre aflita e altamente intrigada,
Por que razão ela chorava tanto,
A benfeitora apenas respondeu:
- Deus louvado!... Encontrei o que procuro,
Venceremos na Terra do futuro,
Filha do coração, a tua mãe sou eu!...

Maria Dolores

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A Lição da Cancela

Enquanto brincava Alberto
Junto aos bancos do portal,
O touro bravio e forte
Avançou para o quintal.

O pequeno quis correr
Tentando defesa incerta,
Mas o touro atravessara
A grande cancela aberta.

Canteiros e vasos lindos,
Floridos e bem cuidados,
No curso de alguns momentos
Jaziam espatifados.

Alberto não resistiu
Ver a sanha do animal.
E, em pranto de desespero,
Busca a saia maternal.

Dona Gertrudes, porém,
Que via, aflita, o jardim,
Num gesto de proteção
Toma o filho e diz-lhe assim:

Vês, Alberto, as nossas flores,
Tombando, desprotegidas?
Sob os olhos, temos hoje
O quadro de nossas vidas.

Recorda; filho, que o touro,
Em força desesperada,
Penetrou-nos o jardim
Pela porta descuidada.

Notaste, neste desastre,
A lição que é forte e bela?
O touro nunca entraria
Se guardasses a cancela.

E, ao passo que o pequenino,
Ouviu com atenção,
A mãezinha concluía
A doce observação.

Quem deseje conservar
As luzes do sentimento
Necessita resguardar
A porta do pensamento.

Em nossa estrada, meu filho...
Há monstros destruidores...
Defendamos a cancela
Que protege nossas flores.


Autor: João de Deus

domingo, 1 de novembro de 2015

A Grande Vitória

Reacendem-se os fogos da batalha.
Chora de angústia o mundo miserando,
Caim passa, de novo, dominando,
A civilização que se estraçalha...

As bastardas paixões gritam em bando,
Misturando-se no coro da metralha,
Tudo pavor e morte, sem que valha,
A voz da fé no vórtice nefando.

Sobre as filosofias dos compêndios.
Há misérias, canhões, trevas, incêndios,
Desventuras que o homem não socorre!

Mas o Cristo, que nunca desespera,
Ama sempre e elabora a nova era
Na vitória do bem que nunca morre.


Autor: Augusto dos Anjos

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Ante o Porvir

Homem, viajor da Luz, do cimo a que te elevas,
Contempla à retaguarda o passado profundo,
Os primórdios da vida e a gênese do Mundo,
Ao hálito dos Céus nas formações longevas.

Fita o flâmeo vulcão de que te sobrelevas,
O mar, a selva, a aldeia e o trabalho fecundo,
Da Civilização, de segundo a segundo,
Que arrancaste com Deus às entranhas das trevas!...

Depois, segue fugindo à guerra que te enliça
Às tragédias do ódio e às garras da injustiça,
Sublimando a razão, na faina de esquecê-las!...

E conquistando a paz, ao brilho do futuro,
Descobrirás, um dia, o Reino do Amor Puro,
Da escuridão do charco ao fulgor das estrelas!...


Autor: Cyro Costa

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Anseio e Prece

Senhor!... Sei que nos deste a todos,
Um encargo ou missão.
Nada promoves sem objetivo,
Nada fazes em vão.

À estrela conferiste
A benção de aguentar-se e refulgir sem véu,
Tal qual sucede ao Sol que nos conduz
Pelas vias do Céu.

Atribuíste à Terra
A função de compor e recompor
A forma em que o trabalho nos confere
A ciência do amor.

Colocaste no mar a investidura imensa
De externar-te o poder
E a fonte o privilégio de ensinar-nos
A humildade por norma e o perdão por dever.

Comissionaste as árvores amigas,
Em que a lição do bem se exprime e se condensa,
Para a tarefa de guardar-te a vida
E auxiliar sem recompensa.

Doaste à flor o dom de perfumar
E puseste na estrada o dom de conduzir,
Deste música às aves, deste ao vento
O doce ministério de servir.

Tudo te filtra a glória soberana,
Tudo te exalta a Lei,
Em razão disso, eu própria reconheço,
Que quase nada sou e quase nada sei

Mas se posso pedir-te alguma coisa,
Converte-me, Senhor, a própria imperfeição,
Num canal pequenino que te mostre
A força da bondade e a luz da compaixão.


Autora: Maria Dolores

sábado, 19 de setembro de 2015

Anotações da Fé

Se queres elevar-te e engrandecer a vida,
Alma querida, escuta:
De tudo o que produz, serve, ampara e abençoa,
Nada existe sem luta.

Árvore alguma, seja em qualquer parte,
Fornecendo socorro e espalhando alimento,
Cresceu e se formou para doar-se à gleba,
Sem chicotes do vento.

Se talhada em madeira, a mesa que te apóia
O pão de cada dia
Foi nobre vegetal arrebatado à gleba
Para aguentar a serraria.

Pedra que te suporta a residência,
Resguardando o equilíbrio que a domina,
Passou por marteladas muitas vezes,
A fim de se ajustar a disciplina.

Quem sonhe paraíso de alegria
Sem sair de poltronas e almofadas,
Quem foge de ser útil, quem se omite,
Olhe as águas paradas.

Quem reclama sucesso sem controle,
Menosprezando o sentimento alheio,
Assista a uma corrida em que se note
Algum carro sem freio.

Sem participação, sem sacrifício,
A construção da paz jamais se apruma,
Sem canseira não há felicidade,
Nem se obtém conquista alguma.

Alma querida, serve, ama e confia,
Ajuda para o bem seja a quem for,
Trabalho é luz de Deus a burilar-nos
Para o Reino do Amor.


Autora: Maria Dolores

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ansiedade

Todo esse anseio que tortura o peito,
Estrangulando a voz exausta e rouca,
Que em cada canto estruge e em cada boca
Faz o soluço do ideal desfeito;

Ansiedade fatal de que se touca
A alma do homem mau e do perfeito,
Sobe da Terra pelo espaço eleito,
Numa imensa espiral, estranha e louca,

Formando a rede eterna e incompreendida,
Das ilusões, dos risos, das quimeras,
Das dores e da lágrima incontida;

Essa ansiedade é a mão de Deus nas eras,
Sustentando o fulgor da luz da Vida,
No turbilhão de todas as esferas!...


Autor: Cruz e Souza

domingo, 16 de agosto de 2015

A Escola

Fita o mundo em derredor
E a vida que te bendiz;
Soma as bênçãos que te cercam,
Não te digas infeliz.

Onde estiveres, anota
Ao senso que te conduz:
O sol igual para todos
É fonte jorrando luz.

Respirando, dia e noite,
Gastando ar e mais ar,
Pelas bênçãos que assimilas
Nada precisas pagar.

Toda mata é um quadro lindo
Em tela verde e formosa;
Ninguém explica na Terra
A beleza de uma rosa.

Águas claras rolam perto,
Caminha... Podes colhê-las;
Tens a noite iluminada
Por lampadários de estrelas.

Atravessas mares, montes,
Primaveras encantadas;
Desfrutas árvores, frutos,
Cidades, campos estradas...

Terra!... Eis a escola bendita,
O lar tantas vezes meu!...
Não te digas infeliz
Na escola que Deus te deu.


Autor: Casimiro Cunha

domingo, 2 de agosto de 2015

Alma e Corpo

Disse a Alma, chorando, ao Corpo aflito:
- Por que me prendes; triste barro escuro,
Se busco o Espaço imenso, se procuro
O império resplendente do infinito?

Por que me deste a dor por sambenito
No caminho terrestre áspero e duro?
Por que me algemas a sinistro muro,
O coração cansado, ermo e proscrito?

Mas o Corpo exclamou: - Cala-te e ama!
Eu sou, na Terra, a cruz de cinza e lama,
Que te serve de ninho, templo e grade...

Mas dos meus braços partirás, um dia,
Para a glória celeste da alegria,
Nos castelos de luz da eternidade!...


Autor: Anthero de Quental

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Ação de Graças

No tempo que se desdobra,
Sem um minuto de sobra
No dia a se recompor,
Entendendo o tempo agora,
Pelos bens de toda hora,
Muito obrigado, Senhor!...

Pelo Sol que envolve o mundo
Pelo chão vivo e fecundo,
Pela fonte, pela flor,
Por toda a amplidão que vejo
Do trabalho benfazejo,
Muito obrigado, Senhor!

Pela fé que me descansa
No regaço da esperança,
Pelas promessas do amor,
Pelo caminho risonho
Do ideal a que me exponho,
Muito obrigado, Senhor!...

Por todas as alegrias,
Ante as bênçãos que me envias
Do Plano Superior,
Pelos problemas e provas
Da senda em que me renovas,
Muito obrigado, Senhor!...


Autor: Maria Dolores

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Almas Dilaceradas

Quando, em dores, na Terra inda vivia,
Caminhando em aspérrimas estradas,
Via presas do pranto e da agonia,
Almas feridas e dilaceradas.

Escutava a miséria que gemia
Dentro da noite de ânsias torturadas,
Treva espessa da senda tão sombria
Das criaturas desesperançadas.

E eu, que era irmã dos grandes sofredores,
Sofria, crendo que tais amargores
Encontrariam termos desejados.

E confiada na crença que tivera,
Cheguei à luz da eterna primavera,
Onde há paz para os pobres desgraçados.


Autor: Auta de Souza

sábado, 13 de junho de 2015

Acusados

Acusados, sofrei seja qual for a pena
Que o mundo vos imponha à dolorosa via,
Sofrei sem revidar a palavra sombria
Da pancada verbal que vos fere e envenena...

O sarcasmo acolhei, de alma forte e serena,
Não resguardeis convosco o fel da rebeldia!...
A Bondade dos Céus vos fortalece e guia
Para longe da treva em que se vos condena!

Deus sabe até que ponto a culpa vos deprime,
E ante as Leis da Justiça equânime e sublime,
Exorta-vos ao bem, no bem que vos descerra...

Calai-vos no perdão, e, refazendo a vida,
Encontrareis de novo, a paz indefinida
De quem constrói no amor a redenção da Terra!


Autor: Antero Carvalho

sábado, 30 de maio de 2015

Amor e Perdão

E Madalena fora ao túmulo querido
Entre pedras de extremo desconforto...
Levava flores para o Mestre morto,
Tinha o peito magoado e enternecido.

O Sol reaparecia, resplendente,
A névoa da manhã fundia-se no ar,
Na dourada invasão das flamas do Nascente,
Maria estava ali, unicamente,
A fim de estar a sós, recolher-se e chorar.

A desfazer-se em pranto, ela arguia:
- “Por que, por que Senhor?
Tanta saudade e tanta dor?!...
Toda a felicidade que eu sentia
Jaz aqui sepultada...
Transformou-se-me a vida em sombra e nada
No ermo deste pouso derradeiro...”

Nisso, ela viu alguém... Seria um jardineiro?
Um zelador daquele campo santo?
Mas tomada de espanto,
Viu-se à frente do Mestre Nazareno,
O excelso benfeitor ressuscitado,
A envolver-lhe de paz o coração cansado...
Ela gritou: “Senhor!”
Ele disse: “Maria!”

Ela era a expressão da perfeita alegria,
Ele, o perfeito amor.
Madalena ajoelhou-se e quis beijar-lhe os pés...
- “Maria, por quem és” – explicou-se
“Não me toques, porquanto
não te esperava aqui neste recanto,
e ainda não fui ao Pai revestir-me de luz...”
Maria, surpreendida,
indagou em seguida:
- “Senhor, onde estiveste?
Em que jardim celeste
Encontraste o descanso necessário,

Que vem de Deus, nos dons da paz completa?
Perdoa-me, Senhor, a pergunta indiscreta,
Dói-me, porém, pensar na angústia do Calvário,
Revolto-me, padeço, mas não venço
A mágoa de lembrar-te o sacrifício imenso”
Mas Jesus respondeu:
- “Não, Maria, não fui ainda ao Alto,
Nem me elevei sequer um palmo à luz do firmamento,

Quem ama não consegue achar o Céu de um salto...
Ao invés de subir aos Altos Resplendores,
Desci, mas desci muito aos reinos inferiores...
Despertando no túmulo, escutei
Os gritos da aflição de alguém que muito amei
E que muito amo ainda...
Embora visse Além, a Luz sempre mais linda,
Sentia nesse alguém um amado companheiro,

Em crises de tristeza e de loucura...
Fui à sombra abismal para a grande procura
E ao reencontra-lo amargurado e louco,
A ponto de não mais me conhecer,
Demorei-me a afaga-lo e, pouco a pouco,
Consegui que ele, enfim, pudesse adormecer...”
- “Senhor” – interrogou a Madalena
“Quem é o amigo que te fez descer,
Antes de procurar a luz do Pai?”
Mas Jesus replicou, em voz clara e serena:

- “Maria,
um amigo não esquece a dor de outro amigo que cai...
Antes de me altear à Celeste Alegria,
Ao sol do mesmo amor a Deus, em que te enlevas,
Vali-me, após a cruz, das grandes horas mudas,
E desci para as trevas,
A fim de aliviar a imensa dor de Judas”.


Autora: Maria Dolores