Alma
fraterna, um dia meditando
Na imensidão
do amor, assim qual é,
Interroguei,
no mundo, as vidas simples
De que modo
aliar distância e fé.
Por que
meios guarda a confiança
Quando o
amargo da ausência nos invade?
Quando a
falta dos entes mais queridos
É suplício
com o nome de saudade?
Ouvi uma
andorinha
Que se
encontrava anônima e sozinha,
Sob antigo
telhado:
"Veja,
irmã, o meu ninho desprezado!..."
Disse-me sem
revolta e sem tristeza.
“Tive filhos
que amei com desvelo e ternura,
Entretanto,
segundo a Natureza,
Quando se
viram emplumados,
Procuraram
altura,
Desenvoltos,
felizes, fascinados
Ante o
Infinito Azul que os atraía...
A princípio,
sofri terrível agonia...
Depois, vim
a saber
Que Deus, de
quem vieram para mim,
O Pai de
Imenso Amor e Compaixão sem fim,
Que pode
avaliar a minha longa espera,
É quem me
fará vê-los,
Para
cercá-los com meus zelos
No brilho de
futura primavera!...”
Entrevistei
robusta laranjeira;
Ela clamou
serena e conformada:
"Irmã,
tenho lutado a vida inteira
E estou
sempre ferida e despojada...
Sabe o Céu
com que amor gero os meus frutos,
No entanto,
a todos vejo arrebatados,
Sob torções
cruéis e, a gestos brutos,
Para serem
vendidos nos mercados.
Mas sei que
Deus, nosso Pai, que nos ama e nos fez,
Quem conserva
o pomar por troféu da lavoura,
Devolverá
meus frutos, outra vez,
Na colheita
vindoura..."
Busquei
ouvir formoso jasmineiro.
Ele falou-me
apenas: "Minhas flores
São taladas
sem meu consentimento
Por
criaturas de instintos inferiores
Que nada
sabem de meu sofrimento...
Uma certeza
única, no entanto,
Resguarda as
forças de que me levanto:
Deus, o
Criador das Matas e Jardins
Dar-me-á
novamente jasmins..."
Fui ver um
manancial, a fim de ouvi-lo...
Ele aclarou tranquilo:
"As
fontes que me trocaram pelo chão
São filhas
de meu próprio coração!...
Dói-me notar
que correm sobre a lama,
Auxiliando
ao solo que as reclama...
A fé, porém,
me anima e me acalenta...
Em abordando
o Mar,
O belo e
imenso Mar que Deus sustenta,
Tornarão a
voltar,
Primeiramente
em forma de vapor,
Subindo ao
firmamento...
No Alto,
serão nuvens contemplando
As minhas
grandes mágoas
E voltarão a
mim, entre chuvas em bando,
De novo
enriquecendo as minhas próprias águas.."
Reconheci,
então, alma querida,
Que a
saudade é esperança em nova vida,
Para o
reencontro daqueles que nos são
Tesouros de
alegria e de afeição,
A esperarem
por nós no Mais Além...
Porque Deus
que de amor nos fez o coração
Nunca nos
deixa em solidão
Nem separa
ninguém.
Autora Maria
Dolores
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