Conta uma
lenda antiga que o Senhor
Veio à Terra
formada, certo dia...
Com tamanhos
recursos a dispor,
O Planeta
sentia
Necessidade
de instrução e amor.
Espíritos
humanos, aos milhares,
Vagueavam
sonâmbulos no solo;
E embora sob
a luz dos gênios tutelares,
Do campo
imenso ao íntimo dos mares
Viviam em
distúrbio, pólo a pólo.
Falta a
ordem para os elementos,
Mas o Senhor
agindo com presteza,
Fez a
organização da Natureza,
A envolver
toda a Terra na grandeza
Dos seus
altos e sábios pensamentos.
Coube ao Sol
a missão de sustentar a vida,
Atravessando
alturas sem vencê-las;
E, para
refazer cada existência em lida,
A noite
recebeu a paz indefinida,
Asserenando
o mundo ao clarão das estrelas.
Foi entregue
o limite às linhas do horizonte,
As árvores
florindo em campo aberto
Deram-se à
produção de valores em monte;
Depois,
encarregou-se a bondade da fonte
De fecundar
o chão e amparar o deserto.
A ovelha
improvisou os fios do agasalho,
Reclamou-se
da abelha o favo suculento,
Inventou-se
a bigorna para o malho,
Tudo era
disciplina, harmonia e trabalho
Que o Senhor
dirigia calmo e atento.
Mas os seres
dotados de razão
Espalharam-se
em grupos sobre a Terra...
Inteligências
sob o orgulho vão,
Separaram-se
em muros de ambição
E criaram a
dor, a violência e a guerra.
Vendo o ódio
crescer, de segundo a segundo,
O Senhor os
guiou à experiência nova;
Deu-lhes
doce prisão em corpos sobre o mundo,
Para terem,
por si, a paz do amor profundo
Pelas
tribulações e lágrimas da prova.
Notando-lhes,
porém, as blasfêmias e os brados
De
sofrimento e desesperação,
Viu que na
condição de seres encarnados,
Quase todos
espíritos culpados,
Exigiam
carinho e proteção.
Quem seria
capaz de tamanha bravura?
Doar-se sem
pedir? Amparar sem prender?
Quem seria,
afinal? Onde a criatura,
Cuja afeição
se erguesse, até mesmo à loucura,
Achando a
luz no caos, a sorrir e a sofrer?
O Senhor
meditou, meditou... Em seguida,
Separou
certa jovem dentre os réus,
Revestiu-a
do amor sem sombra e sem medida...
A primeira
mulher se fez mãe para a vida
E o homem se
acalmou ante a bênção do Céu.
Autora:
Maria Dolores
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