Em teus dias
de dor,
Recorda,
alma querida,
Que a dor é
para a vida
Aquilo que o
buril severo e contundente,
Entre as
mãos do escultor,
É para o
mármore sem forma...
Golpe aqui,
golpe ali, outro mais e mais outro,
Um corte de
outro corte se aproxima,
E o bloco se
transforma
Em celeste
beleza de obra-prima.
Que seria da
pedra abandonada, ao chão,
Triste,
bruta, singela,
Se a vida
não traçasse para ela
Planos de
construção?
Que destino
o da argila esquecida e vulgar,
Sem a
temperatura desumana,
Que deve
suportar
Para ser
porcelana?
Enxergaste,
algum dia,
Fora das
leis da natureza,
O trigo que
não fosse triturado
Para ser pão
à mesa?
Se alguém te
fere e humilha, ama, entende, perdoa
E agradece
ao trabalho, a angústia e a prova,
Em que a
vida imortal se nos renova,
No anseio de
ascensão que nos guia e abençoa...
Alma
querida, escuta!...
Para seguir
à frente,
Em plena
elevação
Sempre mais
alta e linda,
Quem não
chora, não serve e nem padece ou luta,
Parece
tão-somente
Um ser
espiritual em formação
Que não
nasceu ainda...
Autora:
Maria Dolores
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